O Centro Histórico de Macau é um legado patrimonial de extrema representatividade da história da cidade de Macau, sendo composto por cerca de 22 exemplos arquitectónicos notáveis, que se interligam no contexto do tecido urbano original da cidade, incluindo ruas e espaços públicos.
De entre todos os complexos residenciais de Macau, a Casa do Mandarim é a propriedade residencial de maior escala.
A Casa do Mandarim tem as características de uma residência tradicional típica da região de Cantão, tendo igualmente incorporado influências arquitectónicas de outras culturas, tal como pode ser observado em alguns dos edifícios que a compõem, que fazem desta casa um bom exemplo da fusão entre as culturas chinesa e ocidental.
A Casa do Mandarim representa igualmente valores elevados nas áreas dos estudos humanísticos e da história. Zheng Guanying , um filósofo e personalidade afamada dos finais da Dinastia Qing, concluiu a sua obra-prima, intitulada Shengshi Weiyan (Advertências em Tempos de Prosperidade) nesta casa.
A construção da Casa do Mandarim foi iniciada por Zheng Wenrui, pai de Zheng Guanying . Segundo uma placa de madeira antiga com inscrições, que se encontra no hall de entrada da Mansão “Yuqing Tang”, estima-se que o complexo foi construído antes de 1869. Mais tarde, Zheng Guanying e os seus irmãos deram continuidade ao projecto, ampliando a propriedade.
No passado, a Casa do Mandarim tinha uma vista completamente desobstruída para a zona do Porto Interior e para as montanhas do outro lado do rio. Todo o movimento de barcos que entravam e saíam do porto fazia parte da panorâmica usufruída pelos habitantes desta casa.
A Casa do Mandarim é uma grande propriedade, com uma área total de 4000m2, sendo composta por vários edifícios e espaços abertos, que apresentam diferentes estilos de arquitectura. O complexo tem no total mais de 60 quartos, sendo raro encontrar uma residência privada desta escala em Macau. Entre as décadas de 1950 e 1960, os descendentes da família Zheng mudaram-se e a casa foi arrendada, constando que em determinada altura teria servido de residência simultânea a mais de 300 pessoas.
A propriedade esteve sujeita aos seus limites de capacidade, sofrendo ainda os seus edifícios alterações esporádicas, para além do excesso de utentes e uso, que provocaram estragos. Uma vez que o complexo não tinha manutenção apropriada, o mesmo foi por várias vezes consumido por incêndios que danificaram espaços importantes. Quando o Governo tomou posse da propriedade em 2001, mais de 80% da arquitectura do complexo apresentava elevados graus de deterioração o que, em conjunto com as várias alterações já efectuadas, dificultou bastante o processo de restauro e os esforços para recuperar a imagem original do complexo.
Em 2002, o Governo deu início, passo a passo, aos trabalhos de recuperação e restauro arquitectónico da Casa do Mandarim. Foram efectuados estudos de elevada precisão técnica, os quais sustentaram os trabalhos que se seguiram e que contaram com o mais elevado rigor no restauro dos vários elementos. Passados 8 anos de esforços contínuos, os trabalhos de conservação foram concluídos com sucesso, recuperando-se a ambiência original que agora se pode presenciar e apreciar.